17 de mar. de 2014

ASSIM NASCEU A SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA ADVINDA DA FILATELIA BRASILEIRA


ASSIM NASCEU A SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA ADVINDA DA FILATELIA BRASILEIRA
 
No meu texto publicado sobre os 90 anos da Sociedade Numismática Brasileira fiz menção que ela foi fundada por pessoas advindas da FILATELIA, e como tal, esta afirmação me trouxe dissabores para que eu provasse o que eu afirmei.
Pois bem, sabia que havia lido algo a respeito nos ANAIS DA NUMISMÁTICA BRASILEIRA e fui lá pesquisar onde tinha obtido  esta informação.  Não demorando muito, encontrei na Revista Numismática, periódico publicado pela S.N.B, em 1933 – anno I  - nº 2 – página 135, um texto publicado pelo ZUINGLIO M. HOMEM DE MELLO, cujo texto, reproduzo abaixo não fazendo a transliteração de palavras para a nossa língua portuguesa atual, fazendo questão de deixar da forma que foi escrita, vejam abaixo a íntegra do texto publicado.
HISTÓRICO DA SOCIEDADE
Zuinglio M. Homem de Mello
Em 1923 ocorreu à Sociedade Philatélica Paulista, crear, ao lado da secção de Philatelia, uma secção numismática.
Pouco eram os que se dedicavam, na época, a esse ramo, tão interessante quanto atraente, da arqueologia. Poderemos citar entre outros D. Duarte Leopoldo e Silva, digníssimo arcebispo de São Paulo, Drs. Joaquim Marra, José Vieira da Costa Valente, Arthur Martins da Costa Passos, Humberto Pereira dos Santos, Carlos Bezerra de Miranda, Raul Whitacker, Vicente Ancona Lopes, Commendador Francisco Salles Collet e Silva, Srs. Agostinho Pardini, Octavio Braga, Benjamim Klabin, Carlos d’Almeida Braga e Zuinglio M. Homem de Mello.
Semanalmente, às quintas feiras, reuníamo-nos em sessão, na Sociedade Philatélica, onde eram permutados exemplares e discutidos e estudados os assumptos de nossa predilecção.
Assim vivemos como dependência daquela Sociedade, até que, julgando os numismatas filiados à Philatelica, oportuna a ocasião para se fundar uma sociedade à parte, e que tratasse exclusivamente da numismática, resolvemos a fundação da Sociedade Numismática Brasileira.
A 19 de janeiro de 1924, reunimo-nos, por excessiva gentileza do Dr. Raul Whitacker, em seu consultório, à rua de São Bento, nº 33, para assentar as bases da nova sociedade, que, de futuro, viesse congregar todos os amantes desse ramo da arqueologia, esparços pelo nosso vasto Paíz.
Na data acima, como se verá da acta que no final desta exposição inserimos a título de curiosidade, foi aclamada uma directoria provisória, que ficou assim constituída: Presidente. Sr. Agostinho Pardini; Secretario, Dr. Octavio Braga; Thesoureiro, Dr. Raul Whitaker.
Assumindo a presidência dos trabalhos, o Sr. Agostinho Pardini, designou o Sr. Carlos d’Almeida Braga, para elaborar o projecto dos estatutos.
Após algumas reuniões, assistidas sempre com enthusiasmo foram os estatutos aprovados a 19 de fevereiro de 1924.
Tendo já prompta a lei básica, convocou o Sr. Presidente uma assembleia geral, para o fim especial de eleger, a directoria definitiva.
Assim, a 26 do mesmo mez, realizou-se a assembléa. Aberta a sessão pelo Sr. Agostinho Pardini, expoz os fins da reunião, e suggeriu a escolha de um dos presentes para presidi-la. Pedindo a palavra o Dr. Carlos Bezerra de Miranda, propoz fosse acclamado presidente, o Dr. Joaquim Marra, o culto numismata brasileiro. Assim indicado, o Dr. Joaquim Marra assume a direcção dos trabalhos, agradecendo a honra que lhe cabia, de presidir a primeira assembléa da novel sociedade.
Acto seguido procedeu-se à votação e, colhidas as cédulas, apurou-se o seguinte resultado: Para Presidente, Dr. José Vieira da Costa Valente; Vice-Presidente, Dr. Arthur Martins Passos; 1º Secretário, Sr.Octávio Braga; 2º Secretário, Dr. Carlos Bezerra de Miranda; 1º Thesoureiro, Sr. Carlos d’Almeida Braga; 2º Thesoureiro, Sr. Z.M.Homem de Mello; Consultor Technico, Dr. Joaquim Marra.
Congratulando-se o Sr. Presidente com o resultado verificado, e após vibrante oração, da posse à nova Directoria, no meio do maior enthusiamo dos presentes.
Do exposto é manifesto caber à Sociedade Philatelica Paulista, a gloria de haver congregado os numismatas de São Paulo e ter sido o berço da primeira sociedade numismática do Paiz, o que é inegavelmente um padrão de gloria para a filatelia paulista.
Eleita a sua primeira Directoria, poz mãos á obra para, visando não só um programma de horizontes vastos, dedicar-se com empenho de que era mister, ao problema de disseminar o gosto pela numismática em nosso Paíz e congregar em torno de si os apaixonados pelo mais útil e talvez mais agradável ramo da arqueologia.
Attendendo a amável convite do ilustre e inolvidável Dr. Affonso de Freitas, então digníssimo Presidente do Instituto Histórico e Geographico de São Paulo, passamos a ter nossas sessões naquelle austero cenáculo, até que ocasião mais propícia nos permitisse possuir uma sede própria.
Ahi permanecemos por espaço de um anno, sendo então transferida a nossa sede, para prédio da rua de São Bento.
Dado o pequeno número de numismatas na Capital e menor ainda o número dos contribuintes e frequentadores, viu-se a nossa Sociedade em situação financeira bastante angustiosa e, assim, após reunião da Directoria, deliberou-se, correspondendo a amável convite e suggestões de seu Presidente de então, Dr. Arthur Martins Passos, um dos mais ardorosos batalhadores da causa numismática, fosse transferida a sede da Sociedade, para uma das salas de seu conceituado consultório, até que novo alento e a volta de velhos sócios nos permittise vida propria.
Nessa situação permanecemos por espaço de dois annos e pouco, lutando com todo o esforço pela conservação da sociedade que em bôa hora fundámos, eramos poucos, uns vinte ao máximo, os que, no acertado dizer do ilustrado jurisconsulto Dr. Joaquim Marra, fôramos os conservadores do fogo sagrado.
Nessa situação de angustia permanecemos, até que em fins de 1930, com o retorno de velhos camaradas e adhesão de novos e enthusiatas colleccionadores, novo alento animou a numismática Paulista. Transferimos nessa ocasião, nossa sede para o prédio actual, aproveitando um dos momentos mais propícios para propagar o gosto pela numismática, qual foi o da comemoração do 4º centenário da Colonização do Paíz, intensificou-se a campanha para o augmento no nosso quadro social.
Entre outros meios de commemorar a ephemeride, a alta sociedade paulista resolveu promover uma exposição de arte retrospectiva, tendo dintinguido com amável convite nossa Sociedade, para se representar nesse certame de tão apurado gosto artístico.
Após vários estudos, resolvemos tomar parte na exposição que, fatalmente, como depois se comprovou, traria renome à nossa modesta Sociedade.
Obs. Continua esta história da página 137 até 145, periódico publicado pela S.N.B, em 1933 – anno I  - nº 2, onde o texto dali pra frente nomeia-se a comissão da exposição. Etc....
Reproduzo até aqui este texto, que foi suficiente para provar que a Sociedade Numismática Brasileira foi criada por pessoas advindas da Filatelia Brasileira, no caso, a SOCIEDADE PAULISTA DE PHILATELIA, sanando dúvidas de pessoas sobre minha afirmação de como nasceu a S.N.B.
Boa leitura a todos.
João Gualberto Abib – Membro da SNB desde 2005 e Numismata de Curitiba, Paraná.
 
 

16 de mar. de 2014

90 ANOS DE S.N.B - SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA





90 ANOS DE SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA

Texto: João Gualberto Abib – Membro Associado da S.N.B. desde 2005.

Por ocasião dos 90 anos da Sociedade Numismática Brasileira, encontro que se realizou em São Paulo, dias 14 e 15 de Março de 2014, e que por motivos de saúde não pude estar presente e lembrando mesmo a contragosto que nada é eterno, somente as instituições podem e devem ser eternas, mas para isto, para que haja esta perpetuação nas instituições, devemos reconhecer tudo isto aos sócios fundadores, principalmente, aqueles que no ano de 1924 fundaram a S.N.B. e para quem não sabe, estes iluminados fundadores, advindos na grande maioria da FILATELIA e bem como aos abnegados que ao longo dos anos mantiveram esta vela acessa participando ativamente da diretoria, ano após ano até que se comemorassem estes anos da fundação, desta que é maior e mais importante instituição numismática Brasileira.

Só desta forma as instituições se perpetuam, houve anos gloriosos que viveu a sociedade, pela qualidade dos sócios de então, mas nunca nos devemos esquecer que momentos cruciais e com dificuldades também passou a sociedade, com poucos sócios abnegados em alguns períodos e com muitos sócios que deram do melhor em certos períodos, o certo é que durante estes 90 anos de existência, o tempo passou e aqui chegamos para comemorar este grande feito, a perpetuação da existência de nossa sociedade.

Só para lembrar, quantas sociedades com finalidade cultural sem fins lucrativos já fizeram 90 anos no Brasil, poucas, muito poucas chegam nesta idade de forma ativa com aumento gradativo de sócios, com eventos sendo promovidos todos os anos, como o Congresso Brasileiro de Numismática que se realiza anualmente, lá pelos meses de Novembro e Dezembro de cada ano. Lembrando que o primeiro Congresso Brasileiro de Numismática se deu no dia de 24 de Março de 1936, ou seja, há mais de uma década de sua fundação, mas aqui estamos, pela força dos sócios atuais mantendo a tradição de fazer realizar a cada ano este Congresso tão importante para a Numismática Brasileira.

Também não devemos nos esquecer que a S.N.B. editou desde a sua fundação a “Revista Numismática”, iniciando a publicação nº 01 em 1933, e que hoje segue sua publicação como “Boletim da SNB”, estas publicações, desde então, constituem os verdadeiros anais de nossa Numismática Brasileira. É uma verdadeira alegria daqueles Numismatas que tem em sua coleção todos os exemplares desta riquíssima coleção publicada.

Parabenizo a todos que participaram deste encontro por ocasião dos 90 anos de existência da Sociedade Numismática Brasileira e a todos os diretores e ex-diretores que dispuseram o seu precioso tempo participando ativamente, cada qual a seu tempo, para que as coisas se realizassem na S.N.B., principalmente, aqueles que são funcionários (Secretárias, Assistentes, Porteiros, pessoal da limpeza e segurança, etc..) desta sociedade, estes sim, são os grandes colaboradores que fazem estes eventos acontecerem de fato.

Desejo assim, que esta sociedade caminhe trilhando o objetivo maior que é entrelaçar os interesses dos Numismatas associados em informação histórica e em material numismático, que estes sempre tenham acesso destes interesses nos encontros e nos leilões promovidos por esta querida sociedade.

 
 
 

6 de mar. de 2014


OBSIDIONAIS DO RECIFE :  PRIMEIRAS MOEDAS BRASILEIRAS?? OU A PRIMEIRA MOEDA PARTICULAR CUNHADA NO BRASIL???

 Para quem vive a Numismática em estudos e observação diária sempre se defronta com questionamentos, os mais diversos, aguçado pela curiosidade da mente humana. Por isto, na Numismática, não existe verdades pré-concebidas, o que existe é apenas o dever do verdadeiro Numismata em reescrever estas verdades continuadamente, com discernimento na interpretação pelo estudo da história. Olhando sempre sob um novo prisma dentro de seu conhecimento adquirido constantemente, mesmo que afronte conceitos perpetuados que até então eram imutáveis, mas com o tempo, num determinado momento, deu-se a dúvida, o questionamento de que aquilo estava tudo errado. Só resta neste momento, a divulgação devida para o crescimento da Numismática.” 

Por João Gualberto Abib

Recentemente fiz um debate democrático, dentro da página do Facebook, precisamente dentro do grupo da AVBN - ASSOCIAÇÃO VIRTUAL NUMISMÁTICA BRASILEIRA, de cuja sociedade tenho a honra de ser membro associado nº 010 desde 03/04/2013, com o firme propósito de ouvir dos que lá se habilitassem, todos sócios também, a expor seus conhecimentos sobre o assunto em referência a seguinte questão que propus na inicial.

“Alguém já ouviu falar em moeda particular?? sim, quase todos ouviram falar, tem até um Catálogo Geral de Moedas Particulares, Vales e Fichas do Brasil. Volume 1 e 2 do Alexandre O.F. de Barros, edição de 2009 e depois ainda, um adendo feito agora em 2013 onde se acrescenta novas Moedas Particulares. Mas o grande dilema, é que poucos, ou nenhum numismata brasileiro ou até do exterior, tenha levantado uma tese que as primeiras moedas brasileiras de prata, que levam o nº P.001 à P.004, ( bem como as Moedas  de Ouro, que levam número da Catálogo 001 a 006) -  ( inseridas no Catálogo Livro das Moedas do Brasil de Arnaldo Russo) na verdade não são moedas fiduciárias que fazem de fato, parte da numária brasileira, e sim, certamente, seriam as OBSIDIONAIS, apenas MOEDA PARTICULAR. Tanto é que foram cunhadas pela empresa Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, conhecidas como OBSIDIONAIS, moedas particulares que correram restritamente entre os soldados holandeses, que então ocupavam Recife no ano de 1654. Por isto, levanto aqui uma bandeira, que nos estudos das moedas brasileiras, as OBSIDIONAIS, não devem mais constar no Catálogo "Livro das Moedas do Brasil", mas sim, no Catálogo Geral de Moedas Particulares do Alexandre de Barros, por ser elementar que não se trata de fato de emissão brasileira. Quero com isto, levantar um debate sobre este assunto, e se alguém quiser concordar ou discordar do assunto, que o faça publicando suas opiniões aqui. Desde já fico agradecido a todos.”

Bem, com esta proposição, iniciou-se o debate no dia 25/02/2014 e terminou de forma vergonhosa no dia 27 de fevereiro de 2014. Se alguém quiser ler sobre estas discussões, está publicado o que consegui salvar para o bem da Numismática Brasileira, neste mesmo BLOG, em link separado.

Com as informações  que passo agora, não pretendo ficar aqui citando Bibliografias, repassando afirmativas históricas, citações de historiadores renomados, pois todos me conhecem e sabem que tudo que escrevo não preciso disto, não pretendo dar aulas de história sobre a invasão dos Holandeses no Brasil, mesmo porque, o que proponho, não altera em nada, absolutamente em nada a História sobre os Holandeses no Brasil, o que meu estudo se dá é simplesmente na interpretação inovadora sobre o que são estas moedas OBSIDIONAIS, que no meu parco entender, como diriam alguns, nos meus devaneios pueris como diriam outros, posso afirmar de forma simples e sem medo de errar ou me expor, que estas moedas nada mais são que moedas particulares.

Como posso afirmar isto? De forma tão simples? Voltando ao assunto que propus, olhando as vertentes dos estudos das OBSIDIONAIS do Recife, num primeiro momento, parece correto a afirmação que estas moedas foram as primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro, emitidas por uma empresa, que talvez amparada até por concessão dos soberanos da Holanda, cunharam estas moedas em solo Brasileiro.

Mas certamente, foram as primeiras moedas “PARTICULARES” cunhadas no Brasil, mas afirmar que são moedas passíveis de constar na nossa numária carece um pouco mais sobre entendimento da História à época, que pretendo não detalhar, porque já foi altamente discutida as razões da invasão em solo que hoje conhecemos como Brasil, mas que na época, eram territórios de conquista.

Mas a questão é simples:  Se a empresa, Companhia Holandesa das Índias Ocidentais , tivesse ou não tivesse a concessão da HOLANDA, como uma nação, para emitir tais moedas em solo Brasileiro, mudaria alguma coisa?? Claro que não, é só olhar os catálogos da Holanda e vão ver que nem lá estas obsidionais são consideradas como moedas da numária Holandesa, que dirá do Brasil. Aqui devemos apenas considerar como moeda, mas apenas particular, nada mais.

Há Numismatas que preferem acreditar que o que está escrito, está definido e assim imutável e ponto. Se já consta em catálogo como as primeiras moedas, porque mudar agora?? Para estes respondo, não precisa mudar nada e cada qual acredita naquilo que quer acreditar e ponto.

Para outros Numismatas como eu que querem um mínimo de coerência, e na verdade neste caso particular,  o que já está definido na história, e eu afirmo, não se está mudando  HISTÓRIA NENHUMA, o que se está propondo, sem alterar nenhum ponto da História e sim dos estudos das moedas brasileiras, que neste caso, a moeda OBSIDIONAL, continua sendo uma moeda, MAS CERTAMENTE UMA MOEDA PARTICULAR, que deveria constar na Catálogo Geral de Moedas Particulares, Vales e Fichas do Brasil de Alexandre O.F. de Barros e não do Catálogo de Arnaldo Russo, e se lá constasse, como consta,  que se explicasse que é uma moeda, a primeira moeda do Brasil, “mas uma moeda particular”, ou seja, as primeiras moedas particulares cunhadas no Brasil.

Acreditar noutra coisa, é pegar uma OBSIDIONAL em mãos, ver que está cunhado a palavra BRASIL, está cunhado também as iniciais da empresa Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, e mesmo assim, ir contra qualquer bom senso e não ver o óbvio de que se trata de uma moeda particular, se a própria moeda responde tudo, porque tentar encontrar outra definição daquilo que os próprios olhos enxergam?.

Poderia até a aceitar que estas deveriam constar na Numária Brasileira, se quando da invasão Holandesa no Brasil, viessem os Holandeses e não uma empresa Holandesa, que tinha estatutos de constituição empresarial e tudo mais, mesmo que tivessem concessão dos Soberanos Holandeses, mesmo assim, a emissão se deu pela empresa legalmente constituída e uma empresa particular com todos os objetivos empresarias, o de geração de lucros e distribuição de dividendos aos investidores da Companhia. Ir contra esta definição de moeda particular é permanecer no erro da interpretação, é não acreditar no obvio.

Pergunto mais uma coisa, e cito as moedas particulares das Usinas de Açúcar, no caso, UZINA TIÚMA, que todos sabem tratar-se de uma moeda particular, coincidentemente emitida e circulada em Pernambuco, mas agora, se esta empresa, por acaso tivesse uma autorização do Governo da época, ela deixaria de ser particular??? Claro que não, mesmo com autorização do Governo e ou sem autorização, ficaria no mesmo status de moeda particular e nada mais.

Na nossa história, não apenas tivemos o caso dos Holandeses que invadiram um pedaço do Brasil, ou como alguns acreditam, eram território de conquista, mas tivemos a Província Cisplatina no sul do Brasil, anexado ao Brasil no ano de 1821 e desanexado por questões políticas históricas no ano de 1828. Neste território anexado, hoje se encontra o Uruguai, desta forma faço outra pergunta: Por acaso aquelas moedas Uruguaias naquele período de anexação, são moedas brasileiras? Logicamente que não. Embora esta citação talvez não se encaixe perfeitamente no caso das obsidionais, mas para se ter uma ideia do inconcebível, é válido como exercício de pensamento.

Com esta forma simples de ver as coisas, dou por encerrado meu ponto de vista, e respeito as opiniões contrárias.

Só lembro que penso neste assunto há mais de 10 anos, e há uns 4 anos atrás, dentro da Sociedade Numismática Paranaense, em debate exposto numa das reuniões de sábado o Mestre Antonio Tómaz, ( secretário de então e atual Secretário da SNP) me fez relembrar o acontecido no dia 27/02/1014, quando leu meu BLOG, recebi o seguinte e-mail:  Bem Colocado Abib: Lembro que há tempos conversamos sobre isto. Eu dizia que essas moedas deveriam entrar no Catálogo do Alexandre. E você concordava.....A maioria ficava meio reticente, até em função de ser matéria consagrada. Daí, para mudar??? Mas a realidade é essa mesmo. São moedas particulares sim.”

Também depois de publicar no BLOG, recebi e-mail do meu amigo e estudioso da Numismática Brasileira, o Cláudio Schroeder, ( para quem não sabe, o Cláudio  Schroeder é o depositário dos estudos de KURT PROBER, que antes de morrer, passou muitos arquivos de estudos a este meu amigo). Recebi e-mail dele, onde fala: “ ABIB. Vou ler em casa. Mas o assunto foi muito feliz. Pena que não evolui como deveria. Claudio.”

Também recebi e-mail no dia 27/02, depois da publicação no Blog, de meu amigo e estudioso da Numismática Brasileira, Roberto Keller, daqui de Curitiba, que diz em seu e-mail, “Concordo Contigo! Apesar do fato histórico de serem as primeiras peças a serem cunhadas em território brasileiro para serem usadas como moedas, eram de uma empresa privada, que tinha presidente eleito pelos acionistas, conselhos administrativo, centenas de cotistas, sede em outro País e que, apesar de ter todo o apoio do Governo Real Holandês ( e de trabalhar para ele em muitos casos, como na contratação de mercenários para defender territórios e colônias), não eram moedas de governo algum. Merecem de fato, serem incluídas como emissões particulares, o que não vai desmerecer seu valor, ao contrário. Justamente sua origem, vai acabar chamando a atenção internacional e valorizando-as. Se era esse o problema de toda esta discussão, não tem mais problema!

 O TEXTO ABAIXO FOI INSERIDO HOJE DIA 08 DE MARÇO DE 2014


Parece que a questão tênue que os oponentes de nossa tese querem mostrar, para validar como moeda, e não como ficha e ou moeda particular, é que a Companhia, era uma empresa Majestática.  Em suma, me permito a reproduzir um trecho somente:

Mais do que isso, a GWC, FORA DA HOLANDA, era uma companhia majestática...a explicação detalhada do assunto pode ser encontrada no link http://www.mbaeditores.com/2014/03/obsidionais-emissoes-privadas-ou.html Não se trata apenas de simples concessão para emitir moeda. Em determinadas e particulares situações como esta, a GWC era o próprio governo holandês. Em outras palavras, quando batiam estas moedas, o faziam em nome da Holanda e não da GWC (aconselhamos uma leitura detalhada do link supracitado, para que o leitor possa entender o que é uma empresa majestática).”

Não preciso aqui dar aula de história para vocês, mas de numismática, no exercício claro de pensamento, posso afirmar, que absurdo igual encontrei sobre os motivos da introdução do 960 Réis no Brasil, quando se afirmava que D. João VI, quando viera ao Brasil em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte e trouxera parte de sua corte, precisava gerar renda para sustentar todas estas pessoas que se transferiram de Portugal para o Brasil. Diziam que compravam as moedas de 8 Reales, por um valor equivalente de 750 Réis e batiam o carimbo de 960 Réis, esta diferença “serviria para custear as despesas desta massa de pessoas vindas de Portugal”. Pois bem, afirmação esta, desprovida de fundamento total e somente parcial podemos aceitar de fato. O estudo mostrava com fundamentação que as moedas Espanholas de  8 Reales custavam 750 Réis e era circulado por 960 Réis, logicamente existe um ganho aí para a Corôa, esta é a parte séria do estudo e foi comprovado, mas daí concluir o motivo de que este lucro era para custear ou fazer frente das despesas das pessoas que se transferiram ao Brasil, já é PURA ELUCUBRAÇÃO, nos faz acreditar uma coisa e na verdade pode ser apenas o exercício exacerbado do pesquisador que nos levou a acreditar numa mentira que passou a ser verdade.

Ou seja, depois desta afirmação sem nenhum fundamento histórico e legal, esta MENTIRA, foi sendo repetida mais de cem vezes ou até mais, replicada e citada repetidamente em diversos livros e alguns trabalhos numismáticos, se afirmando uma verdade que nunca existiu. Esta é uma prova de que se repetindo como um “mantra”, uma mentira, todos lá na frente aceitam como uma verdade sem raciocinar e ter senso crítico sobre estas afirmações inconcebíveis. Mais pra frente, farei um debate para desmascarar esta afirmação errônea que mancha a história de nossa numismática brasileira.

Agora no caso das Obsidionais, o feito se realiza novamente, basta divulgar um monte de histórias, copiadas pela internet e até fazer citações de vários livros e expor uma montanha de Bibliografias que falam sobre as obsidionais do Recife, mostrando que a Companhia que emitiu, no caso a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, tinha uma condição MAJESTÁTICA, e tudo está esclarecido.

Mas pergunto? E o senso crítico para engolir estas informações? Existem ou vão repetir como verdade uma mentira mais de 100 ou 1.000 vezes para fazer valer esta teoria??

Vamos lá no exercício livre do pensamento, tudo bem que esta empresa tinha este caráter de MAJESTÁTICO, mas aí pergunto? Existe algum documento que prove que eles poderiam emitir moedas, vamos na hipótese que tenham este documento, poderiam emitir fichas e ou moedas particulares?? Em que momento este documento elucida por vez o que poderiam emitir??? Simples, estes documentos não existem, o que existe na verdade é apenas informações conflitantes, sem nenhum documento histórico legal, mas apenas O EXERCÍCIO EXACERBADO do pesquisador, a ler uma coisa e DEDUZIR o que melhor lhe prouver, INDO CONTRA O BOM SENSO, ou seja, insiste em que não devemos exercer nossas mentes, devemos acreditar que é moeda oficial, brasileira, e que está correto estar nos catálogos desta forma, não quer ver o óbvio, quer acreditar e divulgar mais de uma vez uma mentira até que ela se perpetue.

Mesmo porque, em caso do documento existir, podemos afirmar com “precisão histórica” que as OBSIDIONAIS do Recife, são estas moedas?? Dita autorizadas? Se podemos acreditar nisto, também podemos acreditar ser somente fichas e ou moedas particulares.

Se não afirma uma coisa, também não afirma outra. ASSIM, VENCE O BOM SENSO, se pego a moeda em mãos e leio a insígnia da Cia, só posso ver uma moeda particular emitida por uma empresa MAJESTÁTICA.

Não devemos nos esquecer que eles cunharam estas moedas de forma emergencial e até em livros está exposto que pegaram a prataria que tinham, e numa emergência cortaram esta prataria e cunharam estas moedas, exclusivamente para pagar os soldados Holandeses e até alguns fornecedores, mas estas moedas tiveram circulação restrita. Mas daí deduzir que são moedas oficiais, lançadas por um País, (mesmo não constando na numária da Holanda) e até com a insígnia da Companhia estampada na moeda, e dizer ou melhor ELUCUBRAR, que estas moedas são oficiais indo contra qualquer bom senso. Isto sem apresentar nenhum documento oficial que desse ESTA INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA, apenas com citações e mais citações, cadê os documentos que tratam disso?? Não existem, ou é mais simples DEDUZIR, afirmar mentiras mais de 100 ou 1000 vezes e os Numismatas brasileiros neófitos vão acreditar e tudo está certo.

No meu entendimento, Kurt Prober define perfeitamente o caráter da moeda OBSIDIONAL, que segundo ele, “é o nome dado a moeda de emergência, emitida durante assédios e cercos de cidades ou regiões e geralmente com características diferentes das moedas correntes no País.”

Todos sabem que as moedas obsidionais que foram utilizadas no Brasil pelos holandeses foram emitidas pela Companhia Holandesa das Indias Ocidentais, companhia privada de comercio que contava com o apoio do Governo Holandês. Quer me parecer, bem claro então, que as emissões se enquadram na categoria de moeda particular

Por outro lado esclareço que as obsidionais NAO SAO BRASILEIRAS, embora cunhadas no território que hoje conhecemos como BRASIL, mas de origem flamenga. C.S. Scholten, faz incluir e descreve as emissões obsidionais que circularam no Brasil em seu livro "THE COINS OF THE DUTCH OVERSEAS TERRITORIES- 1601-1948".  

Portanto, embora as moedas tenham sido cunhadas no Brasil, essas emissões não são brasileiras. Pode-se afirmar que foram as primeiras moedas cunhadas NO BRASIL, mas não são DO BRASIL. Simples assim.

Desta forma, seria inconcebível imaginar que estas moedas devam fazer parte de nossa numária, e eu mesmo que disse que poderia fazer parte do livro de Alexandre de Barros, eu mesmo me redimo e acho até que poderia constar como uma curiosidade apenas, pois lá naquele catálogo só constam Moedas Particulares, Vales e Fichas do Brasil,  pois não sendo emissão Brasileira, não se encaixaria naquele estudo pioneiro e assim, só podemos dizer com certeza que foi cunhada no Brasil e é apenas uma moeda particular da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e nada mais.

 

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