17 de mar. de 2014

ASSIM NASCEU A SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA ADVINDA DA FILATELIA BRASILEIRA


ASSIM NASCEU A SOCIEDADE NUMISMÁTICA BRASILEIRA ADVINDA DA FILATELIA BRASILEIRA
 
No meu texto publicado sobre os 90 anos da Sociedade Numismática Brasileira fiz menção que ela foi fundada por pessoas advindas da FILATELIA, e como tal, esta afirmação me trouxe dissabores para que eu provasse o que eu afirmei.
Pois bem, sabia que havia lido algo a respeito nos ANAIS DA NUMISMÁTICA BRASILEIRA e fui lá pesquisar onde tinha obtido  esta informação.  Não demorando muito, encontrei na Revista Numismática, periódico publicado pela S.N.B, em 1933 – anno I  - nº 2 – página 135, um texto publicado pelo ZUINGLIO M. HOMEM DE MELLO, cujo texto, reproduzo abaixo não fazendo a transliteração de palavras para a nossa língua portuguesa atual, fazendo questão de deixar da forma que foi escrita, vejam abaixo a íntegra do texto publicado.
HISTÓRICO DA SOCIEDADE
Zuinglio M. Homem de Mello
Em 1923 ocorreu à Sociedade Philatélica Paulista, crear, ao lado da secção de Philatelia, uma secção numismática.
Pouco eram os que se dedicavam, na época, a esse ramo, tão interessante quanto atraente, da arqueologia. Poderemos citar entre outros D. Duarte Leopoldo e Silva, digníssimo arcebispo de São Paulo, Drs. Joaquim Marra, José Vieira da Costa Valente, Arthur Martins da Costa Passos, Humberto Pereira dos Santos, Carlos Bezerra de Miranda, Raul Whitacker, Vicente Ancona Lopes, Commendador Francisco Salles Collet e Silva, Srs. Agostinho Pardini, Octavio Braga, Benjamim Klabin, Carlos d’Almeida Braga e Zuinglio M. Homem de Mello.
Semanalmente, às quintas feiras, reuníamo-nos em sessão, na Sociedade Philatélica, onde eram permutados exemplares e discutidos e estudados os assumptos de nossa predilecção.
Assim vivemos como dependência daquela Sociedade, até que, julgando os numismatas filiados à Philatelica, oportuna a ocasião para se fundar uma sociedade à parte, e que tratasse exclusivamente da numismática, resolvemos a fundação da Sociedade Numismática Brasileira.
A 19 de janeiro de 1924, reunimo-nos, por excessiva gentileza do Dr. Raul Whitacker, em seu consultório, à rua de São Bento, nº 33, para assentar as bases da nova sociedade, que, de futuro, viesse congregar todos os amantes desse ramo da arqueologia, esparços pelo nosso vasto Paíz.
Na data acima, como se verá da acta que no final desta exposição inserimos a título de curiosidade, foi aclamada uma directoria provisória, que ficou assim constituída: Presidente. Sr. Agostinho Pardini; Secretario, Dr. Octavio Braga; Thesoureiro, Dr. Raul Whitaker.
Assumindo a presidência dos trabalhos, o Sr. Agostinho Pardini, designou o Sr. Carlos d’Almeida Braga, para elaborar o projecto dos estatutos.
Após algumas reuniões, assistidas sempre com enthusiasmo foram os estatutos aprovados a 19 de fevereiro de 1924.
Tendo já prompta a lei básica, convocou o Sr. Presidente uma assembleia geral, para o fim especial de eleger, a directoria definitiva.
Assim, a 26 do mesmo mez, realizou-se a assembléa. Aberta a sessão pelo Sr. Agostinho Pardini, expoz os fins da reunião, e suggeriu a escolha de um dos presentes para presidi-la. Pedindo a palavra o Dr. Carlos Bezerra de Miranda, propoz fosse acclamado presidente, o Dr. Joaquim Marra, o culto numismata brasileiro. Assim indicado, o Dr. Joaquim Marra assume a direcção dos trabalhos, agradecendo a honra que lhe cabia, de presidir a primeira assembléa da novel sociedade.
Acto seguido procedeu-se à votação e, colhidas as cédulas, apurou-se o seguinte resultado: Para Presidente, Dr. José Vieira da Costa Valente; Vice-Presidente, Dr. Arthur Martins Passos; 1º Secretário, Sr.Octávio Braga; 2º Secretário, Dr. Carlos Bezerra de Miranda; 1º Thesoureiro, Sr. Carlos d’Almeida Braga; 2º Thesoureiro, Sr. Z.M.Homem de Mello; Consultor Technico, Dr. Joaquim Marra.
Congratulando-se o Sr. Presidente com o resultado verificado, e após vibrante oração, da posse à nova Directoria, no meio do maior enthusiamo dos presentes.
Do exposto é manifesto caber à Sociedade Philatelica Paulista, a gloria de haver congregado os numismatas de São Paulo e ter sido o berço da primeira sociedade numismática do Paiz, o que é inegavelmente um padrão de gloria para a filatelia paulista.
Eleita a sua primeira Directoria, poz mãos á obra para, visando não só um programma de horizontes vastos, dedicar-se com empenho de que era mister, ao problema de disseminar o gosto pela numismática em nosso Paíz e congregar em torno de si os apaixonados pelo mais útil e talvez mais agradável ramo da arqueologia.
Attendendo a amável convite do ilustre e inolvidável Dr. Affonso de Freitas, então digníssimo Presidente do Instituto Histórico e Geographico de São Paulo, passamos a ter nossas sessões naquelle austero cenáculo, até que ocasião mais propícia nos permitisse possuir uma sede própria.
Ahi permanecemos por espaço de um anno, sendo então transferida a nossa sede, para prédio da rua de São Bento.
Dado o pequeno número de numismatas na Capital e menor ainda o número dos contribuintes e frequentadores, viu-se a nossa Sociedade em situação financeira bastante angustiosa e, assim, após reunião da Directoria, deliberou-se, correspondendo a amável convite e suggestões de seu Presidente de então, Dr. Arthur Martins Passos, um dos mais ardorosos batalhadores da causa numismática, fosse transferida a sede da Sociedade, para uma das salas de seu conceituado consultório, até que novo alento e a volta de velhos sócios nos permittise vida propria.
Nessa situação permanecemos por espaço de dois annos e pouco, lutando com todo o esforço pela conservação da sociedade que em bôa hora fundámos, eramos poucos, uns vinte ao máximo, os que, no acertado dizer do ilustrado jurisconsulto Dr. Joaquim Marra, fôramos os conservadores do fogo sagrado.
Nessa situação de angustia permanecemos, até que em fins de 1930, com o retorno de velhos camaradas e adhesão de novos e enthusiatas colleccionadores, novo alento animou a numismática Paulista. Transferimos nessa ocasião, nossa sede para o prédio actual, aproveitando um dos momentos mais propícios para propagar o gosto pela numismática, qual foi o da comemoração do 4º centenário da Colonização do Paíz, intensificou-se a campanha para o augmento no nosso quadro social.
Entre outros meios de commemorar a ephemeride, a alta sociedade paulista resolveu promover uma exposição de arte retrospectiva, tendo dintinguido com amável convite nossa Sociedade, para se representar nesse certame de tão apurado gosto artístico.
Após vários estudos, resolvemos tomar parte na exposição que, fatalmente, como depois se comprovou, traria renome à nossa modesta Sociedade.
Obs. Continua esta história da página 137 até 145, periódico publicado pela S.N.B, em 1933 – anno I  - nº 2, onde o texto dali pra frente nomeia-se a comissão da exposição. Etc....
Reproduzo até aqui este texto, que foi suficiente para provar que a Sociedade Numismática Brasileira foi criada por pessoas advindas da Filatelia Brasileira, no caso, a SOCIEDADE PAULISTA DE PHILATELIA, sanando dúvidas de pessoas sobre minha afirmação de como nasceu a S.N.B.
Boa leitura a todos.
João Gualberto Abib – Membro da SNB desde 2005 e Numismata de Curitiba, Paraná.
 
 

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