ASSIM NASCEU A SOCIEDADE
NUMISMÁTICA BRASILEIRA ADVINDA DA FILATELIA BRASILEIRA
No meu texto publicado sobre os 90 anos da Sociedade Numismática
Brasileira fiz menção que ela foi fundada por pessoas advindas da FILATELIA, e
como tal, esta afirmação me trouxe dissabores para que eu provasse o que eu
afirmei.
Pois bem, sabia que havia lido algo a respeito nos ANAIS
DA NUMISMÁTICA BRASILEIRA e fui lá pesquisar onde tinha obtido esta
informação. Não demorando muito,
encontrei na Revista Numismática, periódico publicado pela S.N.B, em 1933 –
anno I - nº 2 – página 135, um texto
publicado pelo ZUINGLIO M. HOMEM DE MELLO, cujo texto, reproduzo abaixo não
fazendo a transliteração de palavras para a nossa língua portuguesa atual, fazendo
questão de deixar da forma que foi escrita, vejam abaixo a íntegra do texto
publicado.
HISTÓRICO DA
SOCIEDADE
Zuinglio M. Homem de Mello
Em 1923 ocorreu à Sociedade
Philatélica Paulista, crear, ao lado da secção de Philatelia, uma secção
numismática.
Pouco eram os que se dedicavam, na época,
a esse ramo, tão interessante quanto atraente, da arqueologia. Poderemos citar
entre outros D. Duarte Leopoldo e Silva, digníssimo arcebispo de São Paulo, Drs.
Joaquim Marra, José Vieira da Costa Valente, Arthur Martins da Costa Passos,
Humberto Pereira dos Santos, Carlos Bezerra de Miranda, Raul Whitacker, Vicente
Ancona Lopes, Commendador Francisco Salles Collet e Silva, Srs. Agostinho
Pardini, Octavio Braga, Benjamim Klabin, Carlos d’Almeida Braga e Zuinglio M.
Homem de Mello.
Semanalmente, às quintas feiras,
reuníamo-nos em sessão, na Sociedade Philatélica, onde eram permutados
exemplares e discutidos e estudados os assumptos de nossa predilecção.
Assim vivemos como dependência daquela
Sociedade, até que, julgando os numismatas filiados à Philatelica, oportuna a
ocasião para se fundar uma sociedade à parte, e que tratasse exclusivamente da numismática,
resolvemos a fundação da Sociedade Numismática Brasileira.
A 19 de janeiro de 1924,
reunimo-nos, por excessiva gentileza do Dr. Raul Whitacker, em seu consultório,
à rua de São Bento, nº 33, para assentar as bases da nova sociedade, que, de
futuro, viesse congregar todos os amantes desse ramo da arqueologia, esparços
pelo nosso vasto Paíz.
Na data acima, como se verá da acta
que no final desta exposição inserimos a título de curiosidade, foi aclamada uma
directoria provisória, que ficou assim constituída: Presidente. Sr. Agostinho
Pardini; Secretario, Dr. Octavio Braga; Thesoureiro, Dr. Raul Whitaker.
Assumindo a presidência dos
trabalhos, o Sr. Agostinho Pardini, designou o Sr. Carlos d’Almeida Braga, para
elaborar o projecto dos estatutos.
Após algumas reuniões, assistidas
sempre com enthusiasmo foram os estatutos aprovados a 19 de fevereiro de 1924.
Tendo já prompta a lei básica,
convocou o Sr. Presidente uma assembleia geral, para o fim especial de eleger,
a directoria definitiva.
Assim, a 26 do mesmo mez,
realizou-se a assembléa. Aberta a sessão pelo Sr. Agostinho Pardini, expoz os
fins da reunião, e suggeriu a escolha de um dos presentes para presidi-la.
Pedindo a palavra o Dr. Carlos Bezerra de Miranda, propoz fosse acclamado presidente,
o Dr. Joaquim Marra, o culto numismata brasileiro. Assim indicado, o Dr.
Joaquim Marra assume a direcção dos trabalhos, agradecendo a honra que lhe
cabia, de presidir a primeira assembléa da novel sociedade.
Acto seguido procedeu-se à votação
e, colhidas as cédulas, apurou-se o seguinte resultado: Para Presidente, Dr.
José Vieira da Costa Valente; Vice-Presidente, Dr. Arthur Martins Passos; 1º
Secretário, Sr.Octávio Braga; 2º Secretário, Dr. Carlos Bezerra de Miranda; 1º
Thesoureiro, Sr. Carlos d’Almeida Braga; 2º Thesoureiro, Sr. Z.M.Homem de
Mello; Consultor Technico, Dr. Joaquim Marra.
Congratulando-se o Sr. Presidente
com o resultado verificado, e após vibrante oração, da posse à nova Directoria,
no meio do maior enthusiamo dos presentes.
Do exposto é manifesto caber à
Sociedade Philatelica Paulista, a gloria de haver congregado os numismatas de
São Paulo e ter sido o berço da primeira sociedade numismática do Paiz, o que é
inegavelmente um padrão de gloria para a filatelia paulista.
Eleita a sua primeira Directoria,
poz mãos á obra para, visando não só um programma de horizontes vastos,
dedicar-se com empenho de que era mister, ao problema de disseminar o gosto
pela numismática em nosso Paíz e congregar em torno de si os apaixonados pelo
mais útil e talvez mais agradável ramo da arqueologia.
Attendendo a amável convite do ilustre
e inolvidável Dr. Affonso de Freitas, então digníssimo Presidente do Instituto
Histórico e Geographico de São Paulo, passamos a ter nossas sessões naquelle
austero cenáculo, até que ocasião mais propícia nos permitisse possuir uma sede
própria.
Ahi permanecemos por espaço de um
anno, sendo então transferida a nossa sede, para prédio da rua de São Bento.
Dado o pequeno número de numismatas
na Capital e menor ainda o número dos contribuintes e frequentadores, viu-se a
nossa Sociedade em situação financeira bastante angustiosa e, assim, após
reunião da Directoria, deliberou-se, correspondendo a amável convite e suggestões
de seu Presidente de então, Dr. Arthur Martins Passos, um dos mais ardorosos batalhadores
da causa numismática, fosse transferida a sede da Sociedade, para uma das salas
de seu conceituado consultório, até que novo alento e a volta de velhos sócios nos
permittise vida propria.
Nessa situação permanecemos por
espaço de dois annos e pouco, lutando com todo o esforço pela conservação da
sociedade que em bôa hora fundámos, eramos poucos, uns vinte ao máximo, os que,
no acertado dizer do ilustrado jurisconsulto Dr. Joaquim Marra, fôramos os
conservadores do fogo sagrado.
Nessa situação de angustia
permanecemos, até que em fins de 1930, com o retorno de velhos camaradas e adhesão
de novos e enthusiatas colleccionadores, novo alento animou a numismática Paulista.
Transferimos nessa ocasião, nossa sede para o prédio actual, aproveitando um
dos momentos mais propícios para propagar o gosto pela numismática, qual foi o
da comemoração do 4º centenário da Colonização do Paíz, intensificou-se a
campanha para o augmento no nosso quadro social.
Entre outros meios de commemorar a ephemeride,
a alta sociedade paulista resolveu promover uma exposição de arte
retrospectiva, tendo dintinguido com amável convite nossa Sociedade, para se
representar nesse certame de tão apurado gosto artístico.
Após vários estudos, resolvemos
tomar parte na exposição que, fatalmente, como depois se comprovou, traria
renome à nossa modesta Sociedade.
Obs. Continua esta história da página 137 até 145, periódico
publicado pela S.N.B, em 1933 – anno I -
nº 2, onde o texto dali pra frente nomeia-se a comissão da exposição. Etc....
Reproduzo até aqui este texto, que foi suficiente para provar que a
Sociedade Numismática Brasileira foi criada por pessoas advindas da Filatelia
Brasileira, no caso, a SOCIEDADE PAULISTA DE PHILATELIA, sanando dúvidas de
pessoas sobre minha afirmação de como nasceu a S.N.B.
Boa leitura
a todos.
João
Gualberto Abib – Membro da SNB desde 2005 e Numismata de Curitiba, Paraná.