Uma grande paixão de alguns colecionadores é colecionar os 960 Réis. Moeda brasileira cunhada entre 1809 a 1834, conhecida entre todos como patacão ou três patacas.
A curiosidade e o enigmático nestas moedas é que entre 1809, na verdade entre 1810 a 1827, pode-se afirmar que talvez mais de 99% delas foram recunhadas sobre moedas Hispano-Americanas e outras que falaremos mais adiante. A exceção da regra é encontrar 960 Réis que não foram cunhados sobre outras moedas, quando encontrado nesta classificação, são chamados de “ disco próprio” e não deixa de ser uma raridade, ou ao menos uma escassez.
Sendo assim, o enigma, a curiosidade e a grande riqueza, está em afirmar certamente, que não existe neste período de recunho nenhum PATACÃO, um igual ao OUTRO. São peças únicas, mesmo as quais coincidem as mesmas variantes e os mesmos recunhos. Sempre haverá algum detalhe que não bate com o outro patacão na sua comparação. Todas são peças únicas como os mais belos quadros e obras de arte existentes no mundo. Nestas condições é que sempre são estudados ao longo dos anos, definindo-se suas variantes e a origem das moedas base.
Esta condição sui-generis, eleva o patacão 960 Réis de talvez, ser a moeda dentre todas do Brasil, a mais estudada ao longo dos anos, pelos numismatas e estudiosos do assunto há pelo menos 150 anos. Basta pegar em mãos e já desperta a curiosidade natural de observação. Pelas ranhuras, espera-se detectar a moeda base, pelo desenho, quer se descobrir as variantes e assim a exploração da descoberta se inicia.
Quanto ao diâmetro e peso, também variou muito durante todo período de recunho. Observa-se a existência de diâmetros entre 37 a 44 mm., mas que oficialmente deveria ter somente 40 mm. Observa-se peso que varia também entre 23 a 30 gramas de peso, mas que oficialmente deveria pesar somente 27 e 28 gramas em certos períodos. Temos ainda o teor da Prata, que em alguns períodos tinham teores de 917, 896 e 900.
Quanto aos recunhos conhecidos, foram a grande maioria, sobre moedas de 8 Reales Hispano-Americanos, tipo busto, Carolus III, Carolus IIII e Ferdin VII, Reis da Espanha. Sendo os de Potosi, atual Bolívia; Lima do Peru; Cidade do México; Santiago do Chile; estes citados são os mais comuns. Os mais raros são os de Nueva Guatemala atual Guatemala; e o extremamente raro os de Popayan da atual Colômbia. Os considerados não menos raros, temos do “Peru Libre” entre 1822 e 1823 e mais raros ainda sobre “República Peruna” entre 1825 e 1826, embora alguns considerem o “Peru Libre” mais raro que “República Peruana”.
Teve também os classificados como escassos, os sobre 8 Reales e 8 Soles de Províncias Del Rio de La Plata atual Argentina onde aparecem somente em dois anos os de 1813 e 1815, conhecido como “Sol Argentino”. Nesta categoria de escasso aparecem sobre 1 Peso do “Chile Independiente”, ocorridos entre 1817 a 1823, embora sobre estas moedas da República do Chile pudessem ser encontradas até 1826. No México também, além da casa de cunhagem da Cidade do México, tinham as casas de Durango; Guanajuato; Zacatecas; Guadalajara, esta casas, exceto a de cidade do México são escassas e raras, mas verdadeiras raridades são as ocorridas no Império de Itúrbide – Augustinus, que durou menos de um ano, contudo teve moedas cunhadas entre 1822 e 1823, e as da República Mexicana cunhadas somente em três anos, 1823, 1824 e 1825 em três casas Cidade do México, Guanajuato e Durango.
Já as Hispano conhecidas como moedas Espanholas, tiveram moedas cunhadas nas casas de cunhagem de Madri; Sevilha; Valencia, Catalunha, Cádiz e Barcelona. As mais raras destas da Espanha são as de Valência, Barcelona e Catalunha e a escassa sobre Madri Cunhagem de Vellón entre 1809 a 1813, com busto de J. Napoleão.
Tivemos ainda alguns recunhos extremamente raros sobre 1 Dóllar Americano de 1798 e 1799, sobre moedas Francesas, 1 Ecu Luís XVI de 1790, sobre 5 Francs Napoleão 1º Cônsul ano 12 de 1803 e 1804, 5 Francs Napoleão Impedor de 1812 e 5 Francs Luís XVIII de 1814, sobre moedas Italianas, 1 Tallero Pietro Leopoldo – Toscana - de 1784 e 5 Liras Reinado de Napoleão de 1812. Temos ainda sobre Áustria, 1 Thaler Maria Theresa 1780 e sobre um ducado de 1805 de República Batava (província Utrecht) e Holanda sobre 1 ducado de Holanda Unida 1771 e 1791 e sobre 1 patagon Brabante talvez de 1710. E provavelmente sobre outras moedas ainda desconhecidas e não relatadas; razão do estudo contínuo e prazeroso de muitos numismatas ainda nos dias de hoje.
De todos os estudos sobre os “recunhos” dos 960 Réis no Brasil, opino que o melhor deles é o Livro de David André Levy e de seus colaboradores; estudo amplo sobre a matéria de recunhos e recomendaria que todo colecionador e numismata aficcionado dos 960 Réis, deveria ter um exemplar sempre as mãos para consulta, livro este, lançado com somente 500 exemplares no ano de 2002.
Já sobre as “variantes” dos 960 Réis com Letra Monetária “R” recomendaria o Livro Catálogo descritivo dos patacões da Casa da Moeda do Rio, Volume I e Volume II, do saudoso numismata Lupércio Gonçalves Ferreira editado em 1981, com somente 500 exemplares numerados e rubricados pelo autor de 001 a 500.
Quanto sobre as “variantes” dos 960 Réis com Letra Monetária “B” recomendaria o Livro Catálogo Descritivo dos 960 Réis da Casa da Moeda da Bahia, dos numismatas, José Serrano Junior e Flávio Barbosa Rebouças, lançado em 2003, cujo trabalho, veio a atualizar as variantes já identificadas pelo saudoso numismata Renato Berbert de Castro, em seu trabalho editado em 1970.
Até aqui, foi feito um pequeno resumo sobre o Patacão ou Três Patacas ou 960 Réis, como queiram chamar. Deixamos de fora ainda qualquer comentário sobre carimbos e moedas base carimbadas, que também serviram como base dos nossos Patacões, pois se adentrássemos mais, neste assunto, mereceria outro texto. Também não falamos sobre todas as casas de cunhagem dos 960 Réis. Assuntos que ficarão para uma próxima oportunidade.
A curiosidade e o enigmático nestas moedas é que entre 1809, na verdade entre 1810 a 1827, pode-se afirmar que talvez mais de 99% delas foram recunhadas sobre moedas Hispano-Americanas e outras que falaremos mais adiante. A exceção da regra é encontrar 960 Réis que não foram cunhados sobre outras moedas, quando encontrado nesta classificação, são chamados de “ disco próprio” e não deixa de ser uma raridade, ou ao menos uma escassez.
Sendo assim, o enigma, a curiosidade e a grande riqueza, está em afirmar certamente, que não existe neste período de recunho nenhum PATACÃO, um igual ao OUTRO. São peças únicas, mesmo as quais coincidem as mesmas variantes e os mesmos recunhos. Sempre haverá algum detalhe que não bate com o outro patacão na sua comparação. Todas são peças únicas como os mais belos quadros e obras de arte existentes no mundo. Nestas condições é que sempre são estudados ao longo dos anos, definindo-se suas variantes e a origem das moedas base.
Esta condição sui-generis, eleva o patacão 960 Réis de talvez, ser a moeda dentre todas do Brasil, a mais estudada ao longo dos anos, pelos numismatas e estudiosos do assunto há pelo menos 150 anos. Basta pegar em mãos e já desperta a curiosidade natural de observação. Pelas ranhuras, espera-se detectar a moeda base, pelo desenho, quer se descobrir as variantes e assim a exploração da descoberta se inicia.
Quanto ao diâmetro e peso, também variou muito durante todo período de recunho. Observa-se a existência de diâmetros entre 37 a 44 mm., mas que oficialmente deveria ter somente 40 mm. Observa-se peso que varia também entre 23 a 30 gramas de peso, mas que oficialmente deveria pesar somente 27 e 28 gramas em certos períodos. Temos ainda o teor da Prata, que em alguns períodos tinham teores de 917, 896 e 900.
Quanto aos recunhos conhecidos, foram a grande maioria, sobre moedas de 8 Reales Hispano-Americanos, tipo busto, Carolus III, Carolus IIII e Ferdin VII, Reis da Espanha. Sendo os de Potosi, atual Bolívia; Lima do Peru; Cidade do México; Santiago do Chile; estes citados são os mais comuns. Os mais raros são os de Nueva Guatemala atual Guatemala; e o extremamente raro os de Popayan da atual Colômbia. Os considerados não menos raros, temos do “Peru Libre” entre 1822 e 1823 e mais raros ainda sobre “República Peruna” entre 1825 e 1826, embora alguns considerem o “Peru Libre” mais raro que “República Peruana”.
Teve também os classificados como escassos, os sobre 8 Reales e 8 Soles de Províncias Del Rio de La Plata atual Argentina onde aparecem somente em dois anos os de 1813 e 1815, conhecido como “Sol Argentino”. Nesta categoria de escasso aparecem sobre 1 Peso do “Chile Independiente”, ocorridos entre 1817 a 1823, embora sobre estas moedas da República do Chile pudessem ser encontradas até 1826. No México também, além da casa de cunhagem da Cidade do México, tinham as casas de Durango; Guanajuato; Zacatecas; Guadalajara, esta casas, exceto a de cidade do México são escassas e raras, mas verdadeiras raridades são as ocorridas no Império de Itúrbide – Augustinus, que durou menos de um ano, contudo teve moedas cunhadas entre 1822 e 1823, e as da República Mexicana cunhadas somente em três anos, 1823, 1824 e 1825 em três casas Cidade do México, Guanajuato e Durango.
Já as Hispano conhecidas como moedas Espanholas, tiveram moedas cunhadas nas casas de cunhagem de Madri; Sevilha; Valencia, Catalunha, Cádiz e Barcelona. As mais raras destas da Espanha são as de Valência, Barcelona e Catalunha e a escassa sobre Madri Cunhagem de Vellón entre 1809 a 1813, com busto de J. Napoleão.
Tivemos ainda alguns recunhos extremamente raros sobre 1 Dóllar Americano de 1798 e 1799, sobre moedas Francesas, 1 Ecu Luís XVI de 1790, sobre 5 Francs Napoleão 1º Cônsul ano 12 de 1803 e 1804, 5 Francs Napoleão Impedor de 1812 e 5 Francs Luís XVIII de 1814, sobre moedas Italianas, 1 Tallero Pietro Leopoldo – Toscana - de 1784 e 5 Liras Reinado de Napoleão de 1812. Temos ainda sobre Áustria, 1 Thaler Maria Theresa 1780 e sobre um ducado de 1805 de República Batava (província Utrecht) e Holanda sobre 1 ducado de Holanda Unida 1771 e 1791 e sobre 1 patagon Brabante talvez de 1710. E provavelmente sobre outras moedas ainda desconhecidas e não relatadas; razão do estudo contínuo e prazeroso de muitos numismatas ainda nos dias de hoje.
De todos os estudos sobre os “recunhos” dos 960 Réis no Brasil, opino que o melhor deles é o Livro de David André Levy e de seus colaboradores; estudo amplo sobre a matéria de recunhos e recomendaria que todo colecionador e numismata aficcionado dos 960 Réis, deveria ter um exemplar sempre as mãos para consulta, livro este, lançado com somente 500 exemplares no ano de 2002.
Já sobre as “variantes” dos 960 Réis com Letra Monetária “R” recomendaria o Livro Catálogo descritivo dos patacões da Casa da Moeda do Rio, Volume I e Volume II, do saudoso numismata Lupércio Gonçalves Ferreira editado em 1981, com somente 500 exemplares numerados e rubricados pelo autor de 001 a 500.
Quanto sobre as “variantes” dos 960 Réis com Letra Monetária “B” recomendaria o Livro Catálogo Descritivo dos 960 Réis da Casa da Moeda da Bahia, dos numismatas, José Serrano Junior e Flávio Barbosa Rebouças, lançado em 2003, cujo trabalho, veio a atualizar as variantes já identificadas pelo saudoso numismata Renato Berbert de Castro, em seu trabalho editado em 1970.
Até aqui, foi feito um pequeno resumo sobre o Patacão ou Três Patacas ou 960 Réis, como queiram chamar. Deixamos de fora ainda qualquer comentário sobre carimbos e moedas base carimbadas, que também serviram como base dos nossos Patacões, pois se adentrássemos mais, neste assunto, mereceria outro texto. Também não falamos sobre todas as casas de cunhagem dos 960 Réis. Assuntos que ficarão para uma próxima oportunidade.
Publicado originariamente no Boletim n° 29 de Agosto de 2006 da SNP.
Texto de autoria de João Gualberto Abib, Numismata sediado em Curitiba- PR e membro da SNP - Sociedade Numismática Paranaense e da SNB - Sociedade Numismática Brasileira.
A cada leitura sobre suas matérias me abre os horizontes para novas consultas para o estudo da numismatica. Tinha uma visão diferente antes de ler assuntos tecnicos sobre a numismatica. Confesso, meu conhecimento é infimo no mundo numismatico.
ResponderExcluirParabéns pelas suas brilhantes e valorosas matérias.
Excelente explicativo. Conciso e recheado de ótimas informações. Agora entendo melhor as divergências encontradas entre diversas peças.
ResponderExcluirExcelente Texto, instrutivo e incentivador para o colecionismo. Sou um admirador de Numismática e impressos históricos, e mesmo sendo um colecionador "marginal" pois procuro as peças mais baratas independente de estado de conservação, recentemente consegui adquirir meu primeiro patacão. Uma 1820 galho simples. São peças interessantíssimas pelo recunho e exclusividade que cada uma tem. É muito empolgante poder testemunhar um momento histórico com o auxilio de uma lupa ao analisar essas moedas. Parabéns pelos textos do Blog, são todos muito bons! Magnon Almeida.'.
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