28 de set. de 2008

O QUE REPRESENTA O PASSADO EM RELAÇÃO AO FUTURO, PARA A NUMISMÁTICA BRASILEIRA?


Exercitando o pensamento, e dar uma resposta simples, curta e direta, sobre o que representa o passado em relação ao futuro, ficamos com a definição de que no futuro, o passado representa apenas e tão somente, as nossas lembranças.


Ou melhor definindo, as lembranças já são o passado. Do ponto de vista numismático, para que num futuro haja estas lembranças, vivas, é de suma importância que os relatos sejam publicados, e de preferência nos Boletins das Sociedades Numismáticas, só assim, preservaremos esta memória dos fatos passados, para as gerações futuras.


Recebi no encontro da Sociedade Numismática Paranaense, que se realizou, nos dias 26 e 27 de Setembro de 2008, o Boletim de nº 35 daquela sociedade, a qual tenho a honra de participar, e para minha surpresa e felicidade, todos os textos que enviei, a partir deste BLOG, foram publicados naquele Boletim. Uma publicação exemplar, de apresentação gráfica moderna e de excelente bom gosto, deixando para trás aquelas publicações tupiniquins que os associados estavam recebendo a cada edição do Boletim da SNP. Tínhamos um conteúdo excelente até então, e uma forma gráfica de publicação, que deixava a desejar. De agora em diante, contempla-se boas matérias, com exímia apresentação.


Quando pedi meu afastamento da Diretoria de Divulgação, por falta de tempo para dedicação, o Marcos Lepca, Presidente da Sociedade, ainda demorou algumas semanas para encontrar a pessoa certa para que viesse a assumir esta importante missão, mas foi feliz em nomear o Sr. Ederson Sobânia, também membro de SNP, o qual parabenizo pela edição deste Boletim, pois foi e será um marco histórico, uma divisão de aguas, entre o VELHO e o NOVO boletim da SNP.

Mas voltando ao assunto inicial, em que no futuro, o passado representará apenas e tão somente lembranças em nosso pensamento. Já do ponto de vista numismático, temos que fazer de tudo para que os estudos já publicados, desde de 1933 pela SNB, até agora, e pelas outras sociedades numismáticas, através de seus Boletins, e até por publicações autônomas, de numismatas, bem como de todos os catálogos numismáticos publicados até então, que digamos assim, este conjunto de obras, forma-se em definitivo os verdadeiros ANAIS DA NUMISMÁTICA BRASILEIRA, existentes até agora.
Mas deseja-se que todas estas informações não se percam e ao mesmo tempo, sejam compiladas de uma forma lógica, para que num momento de pesquisa, seja de fácil acesso a todos. Este é um grande desafio que paira sobre os estudiosos da numismática brasileira.

Já estamos trabalhando numa reunificação de matérias publicadas sobre diversos assuntos, desde a origem da numismática brasileira até ao presente, e esperamos, que com esta reunificação, aos poucos sendo divulgadas, em matérias de Boletins, ou em publicação neste BLOG, ou talvez, até, numa publicação em Livros, passaremos a entender melhor sobre tudo o que aconteceu de forma histórica, mas de uma forma racional e bem embasada, sempre do ponto de vista numismático.

Se faz necessário esta reavivação de memória, pois como tivemos várias publicações nos seus variados Boletins, publicados por diversas sociedades numismáticas, algumas das quais, nem existem mais, e se pegarmos um único assunto, como por exemplo: A CRIAÇÃO DO PATACÃO 960 RÉIS, vamos nos deparar, certamente, com informações conflitantes e até com algumas, que sem nenhum critério de avaliação histórica, nos faz acreditar uma coisa, e na verdade pode ser apenas o exercício exacerbado do pesquisador que nos levou a acreditar numa mentira que passou a ser verdade.

Para aguçar um pouco mais, e despertar a curiosidade, sobre a importância da revisão destas matérias até então publicadas, e seus conflitos históricos, vou citar apenas uma: A questão de que D. João VI chegou ao Brasil e criou o 960 Réis com a finalidade de lucrar uma diferença entre um valor e outro em relação aos 8 Reales, para sustentar a Corôa e a grande maioria dos nobres que vieram com ele para cá. Carece de estudo lógico esta afirmação e tudo vai ser desvendado a seu tempo. É sobre estas lembranças que se deve dar um ordenamento histórico e lógico.

O passado representa também o futuro. Lógico que tudo o que se publicou em Numismática no Brasil, é hoje um vasto acêrvo de pesquisa, mas a comparação de um mesmo assunto sendo analisado também do ponto de vista histórico, econômico e cultural, pode nos trazer à tona o conflito das informações.

Esta reunificação dos assuntos, será também um marco, assim como o dispêndio para sua divulgação, mas enquanto houver forças físicas e mentais, e porque não, até financeiras, estes estudos aos poucos serão publicados. Pode-se demorar dias, meses, anos ou décadas, para se alcançar este objetivo, mas em nada se alterará esta determinação.

Assim se deseja construir uma verdadeira numismática no Brasil, pois não podemos esquecer jamais: a numismática é uma ciência, e como tal, deve ser reconhecida e acima de tudo, estudada, e principalmente, que todos os estudos sejam divulgados em forma de publicações.

Para finalizar: se as lembranças já são fruto do passado, que ao menos estas lembranças sejam corretas, e principalmente, construídas de forma racional, bem embasadas históricamente e que não sejam no futuro, como agora, contestadas em alguns aspectos.


Texto de autoria de Joao Gualberto Abib - Originariamente publicada neste BLOG.