O numismata é uma pessoa estranha, geralmente, passa anos adquirindo peças para sua coleção, algumas vezes, resolve fazer um leilão de suas peças e sempre afirmando: "juro que não vou mais colecionar". Tão logo que suas peças são leiloadas, passa novamente a fazer novas coleções. Isto tudo, quando não vira de uma hora para outra um comerciante de peças numismáticas e assim, passa a viver deste mercado. Muitos, nestes momentos, sequer sabem se perderam ou ganharam entre suas compras e vendas.
Existe um outro tipo, que já atuou em várias atividades e já está sem muito o que fazer, e vê uma grande oportunidade de atuar num mercado para poucos, mas iluminados, e com uma certa garantia de obter um certa renda, ou até uma renda extra, na atual fase de vida e assim, atua na numismática com este fim. Tanto pode ter um final feliz, como um infeliz nos seus resultados.
Observa-se também, um outro tipo, que não depende de nenhuma forma, fazer recursos financeiros de suas peças, e este, passa apenas a comprar, comprar e comprar. Na grande maioria, é pessoa de alto poder aquisitivo, já aposentado, ou até na ativa, que não tendo mais no que investir, passa a adquirir sem muito critério de preço, e assim, faz uma grande coleção de peças raras. Mas não se importa se terá resultado positivo ou negativo no final.
Existe ainda o oportunista, aquele que vendo que dispõe de algum recurso, e não tendo mais no que investir, imagina que se comprar um estoque de peças numismáticas, a preços de atacado, acredita que vendendo estas, de forma fracionada, fará um grande investimento com um provável grande lucro. Com muita sorte consegue algum resultado positivo nesta empreitada.
Entretanto, todos, sem nenhuma exceção, já compraram gato por lebre. Quem é o numismata que não comprou determinada peça e na hora de avaliar se fez um bom ou um péssimo negócio, frustrou-se com sua compra? Alguns, até guardam grandes traumas psicológicos em suas vidas, contraídas, em sua longa ou curta fase do colecionismo numismático. Tenho amigos que guardam mágoas de alguns veteranos comerciantes, que se comportaram como verdadeiros algozes durante longos anos, e agora, é vista claramente que foi esta, a fase do "pedágio" que tiveram que pagar.
Uma coisa é certa e unânime, todos, mas todos mesmo, já pagaram por um "pedágio", seja grande ou pequeno, para aprender um pouco, digo, pouco, pois não conheço nenhum colecionador que saiba tudo e de vez em quando, não volte a pagar "pedágio" novamente, não importando até sua longa experiência e conhecimento do ramo. Vacilo, todos acabam dando, mais de uma vez neste mercado.
Por outro lado, se existe o famoso "pedágio", existe também, aquele grande negócio, que geralmente acontece de caso fortuito, na compra de algum lote, que no meio deste, sempre vem uma peça especial, que traz e faz a alegria e a felicidade de todo numismata. Parece até um prêmio nesta hora para amenizar um pouco do prejuízo, pelas peças mal adquiridas, durante ao longo dos anos.
Quase todos colecionadores têm uma história para contar, seja de frustração e ou alegria, de vacilo ou de perspicácia, vivida dentro deste mercado.
Esta incerteza, digo, sim INCERTEZA, que tanto pode inclinar para o lado da alegria ou da tristeza, é que é o grande jogo, sim, repito, JOGO, a numismática, também não deixa de ser um jogo, e como todo jogo, pode VICIAR, ENRIQUECER OU EMPOBRECER.
Mas como um JOGO, deve ser bem dosado e interpretado o exercício da INCERTEZA. Quem não conhece aquele numismata, que entrou com tudo, de ajuntador, virou colecionador, de colecionador virou comerciante, alguns até COM PUBLICAÇÃO DE CATÁLOGOS, e depois, por desgraça perdeu-se tudo e saiu do ramo?? só ficaram os catálogos.
Quem não conhece até, aqueles que já foram grandes colecionadores em algum período e hoje não querem nem ouvir falar em numismática. Aliás, se entrar nesse assunto, tem grande chance de se perder o amigo.
Com certeza, estes, também, carregam grandes traumas em suas vidas, além de terem feito uma grande carreira no mercado numismático, chegaram no ápice em determinada época, e hoje, alguns, por afastamento total do mercado, e até dos amigos, sequer sabemos notícias ou se já faleceram ou não. É um caso a ser estudado até do ponto de vista psicológico e social.
A numismática é virtuosa, para o bem ou para o mal. Conheci pessoas que há mais de 10 anos atrás, investiram grandes recursos, num consórcio de numismatas, em S. Paulo, e vendendo imóveis de suas propriedades, investiram uma pequena fortuna apostando na alta da prata, e assim, além de comprarem moedas de prata de várias origens, passaram até a comprar prataria em geral, e juntaram mais de uma tonelada do material. Passado dez anos, os imóveis triplicaram de valor e a prata, mostrou-se um mal negócio, mesmo tendo subido quase 80% do valor no período.
Isto sim que é um JOGO, neste caso, foi prejuízo, mas na mesma época, outros numismatas passaram a comprar dobrões de ouro, e estes, se valorizaram bem mais que os imóveis, subindo quase 400% de seu valor. Este é o verdadeiro JOGO do mercado, mas afinal, todo e qualquer tipo de investimento baseia-se na incerteza e a numismática não poderia ser diferente.
Aquela figura do numismata, que compra peças baratas ao longo dos anos, e que seus investimentos neste tipo de colecionismo são dosados pela compra segura de apenas uma fração de seus salários, onde passam 10 - 20 e até 30 anos, para se fazer uma coleção, está cada vez mais raro no mercado, pois até estes, no meio do caminho, desistem de tudo e vendem suas coleções e estas, certamente, quando vendidas, sempre será por preço corrente do mercado, pois comprando peças unitárias ao longo do anos, praticamente, paga-se um pedágio permanente até o final. Certamente, para estes, será aferido resultado negativo sempre, entre compra e venda.
A melhor fórmula de se fazer uma coleção, é aquela que se compra GRANDES LOTES, e se vende "parte" deste mesmo lote, assim, toda e qualquer peça que se vai acrescentando em sua coleção, esta, certamente, vai ficando subsidiada pelo lucro já auferido pelas peças que já foram vendidas. Garante-se nesta modalidade de colecionismo, a substituição permanente por peças melhores em conservação, daquelas já inseridas na coleção. Esta é a vantagem de o colecionador, nesta modalidade, ser também um comerciante, onde poderá carrear sempre as peças já descartadas de sua coleção para o mercado e de subsidiar permanentemente suas novas compras.
Aquele ditado que diz: "dinheiro faz dinheiro", aplica-se muito bem nesta atividade, mas nunca devemos nos esquecer, para segurança de todos: JOGO, INCERTEZA E RESULTADO, são inerentes da própria atividade numismática, mas, para que este resultado seja POSITIVO, e para que os riscos sejam minimizados, o estudo e o saber numismático poderão equacionar um pouco das incertezas que virão e, principalmente, da qualidade daquilo que se compra e se insere nas coleções.
Texto de Joao Gualberto Abib, inserido originariamente neste BLOG
"Uma mente ociosa é a porta de entrada do mal"
ResponderExcluirHá que se ocupar a mente com atividades que nos dê prazer, um divertimento, uma busca constante, que desperte a curiosidade, a pesquisa, salutando que o aprendizado é a único processo que se ganha, e nunca se perde.
Escolhemos a atividade de numismática e no simples manusear de uma cédula, revelando seus desenhos, linhas e geometria aplicada, nos dá sensação por algo inexplicado de prazer, quem não dirá então ao vermos e depois segurarmos uma moeda, que não precisa ser FC, porém, tenha um certo desgaste, para que possamos ficar imaginando a grande história, tantos que foram os caminhos percorridos pela aquela "moedinha", até chegar em nossas mãos.
O prazer que nos faz comprar, vender, ganhar e perder, também nos enche de orgulho ao termos peças únicas ou que tenha uma história peculiar.
Ao longo do tempo, existe uma pequena, mas existe... vontade de desistir, investir o tempo e dinheiro em outra atividade, porém quando voltamos as atividades, sempre voltamos com mais "gas", com mais vibração, com sede e vontade de conhecimento, de prazer pelas "moedinhas" enfim, faz parte da nossa vida, para alguns um hobby, para outros uma profissão, porém sempre com paixão.